O eixo Rio-São Paulo é o que interessa para a Globo.
As maiores torcidas do Brasil pertencem aos dois Estados.
Corinthians e Flamengo recebem mais dinheiro pelo Brasileiro.
A relação é absurda, cruel, sem pudor.
Flamenguistas e corintianos embolsam R$ 120 milhões.
São Paulo, Palmeiras e Vasco R$ 80 milhões.
Aí, os clubes do terceiro escalão, na visão global.
Atlético Mineiro, Cruzeiro, Inter, Grêmio...
Fluminense e Botafogo.
Esses seis clubes embolsam R$ 45 milhões por ano.
Os demais muito menos.
Mas esse universo já serve para demonstrar não só a injustiça.
Tudo ficará pior em 2016.
A Globo ofereceu uma prorrogação de contrato.
O acordo não terminará mais em 2015.
Passou até 2017.
A emissora deu bônus de até R$ 30 milhões aos clubes.
Só que a maioria deles não percebeu que a divisão será ainda pior.
Corinthians e Flamengo passarão a ganhar R$ 170 milhões.
São Paulo, Vasco e Palmeiras, R$ 100 milhões.
R$ 70 milhões a menos.
Atlético Mineiro, Cruzeiro, Inter...
Grêmio, Fluminense e Botafogo, R$ 60 milhões.
Nada menos do que R$ 110 milhões.
Não interessa apenas esse dinheiro.
Ele é o início da bola de neve.
A Globo se compromete a mostrar mais jogos do Corinthians e Flamengo.
Isso atrai patrocinadores mais fortes.
Faz com que esses clubes exijam mais dinheiro, já que estarão mais no ar.
Com mais dinheiro, melhores elencos serão montados.
E maior a audiência da tevê.
O que aconteceu neste ano foi um caos para a Globo.
O interesse no mercado mineiro é muito menor.
Atlético Mineiro campeão da Libertadores já não foi a conquista dos sonhos.
Um eventual bicampeonato do Corinthians iria parar o País de novo.
Isso na avaliação dos executivos globais.
Mas não aconteceu.
A emissora não fará uma super-cobertura do Mundial no Marrocos.
Ficará mais local, voltado à população de Minas Gerais.
Nem de perto lembrará o que foi feito com o Corinthians no Japão.
Com direito a transmissão intensiva.
E para todo o País.
A Globo não fez nada por acaso.
A final da Libertadores havia quebrado recordes.
O jogo entre Corinthians e Boca chegou a 48 pontos.
Na final do Mundial, contra o Chelsea, 38 pontos.
Excepcional resultado.
A média no começo da manhã na emissora no domingo é de 11 pontos.
Mais significativo foi a eliminação na Libertadores.
O clube caiu nas oitavas de final diante do Boca.
A eliminação deu 32 pontos.
Meio ponto a mais que a vitória do Brasil contra a Espanha.
A final da Copa das Confederações chegou a 31,5 pontos.
O que norteia a emissora é a transmissão de São Paulo.
O Estado mais rico da União e dono dos maiores patrocinadores.
A expectativa da transmissão do Mundial deste ano é muito menor.
Até porque a final da Libertadores já foi assim.
De pouco adiantaram os 41 pontos conseguidos em Minas Gerais.
Nem os 25 conseguidos no Rio.
Os paulistas deram apenas 28 pontos para Atlético e Olimpia.
O mesmo agora acontece com o fenômeno Cruzeiro.
O ótimo time de Marcelo Oliveira está disparado na frente do Brasileiro.
Se impôs diante do Internacional de Dunga no Rio Grande do Sul.
Venceu, com toda a justiça, por 2 a 1.
Atingiu 53 pontos incríveis 73,6% de aproveitamento.
Está 11 pontos distantes do Grêmio.
Nunca ninguém ficou a esta distância faltando 14 rodadas.
Matemáticos apontam mais de 90% de chance de título.
Os executivos globais já estão prevendo o pior.
Um final de campeonato sem graça.
Com o Cruzeiro vencendo o Brasileiro antecipadamente.
Sem qualquer disputa, emoção.
Por isso nas praças que mais interessam, o melhor time do País será desprezado.
Nada de mostrar jogos do Cruzeiro.
O foco será mantido nos times paulistas e cariocas.
O último confronto com equipe de São Paulo será na 32ª rodada.
Quando o Santos recebe o time celeste.
A partir daí, a cidade de São Paulo não verá jogo ao vivo do Cruzeiro.
Não pela tevê aberta.
O Rio de Janeiro não terá escapatória.
A antepenúltima terá Vasco e Cruzeiro.
E na última, no Maracanã, o Flamengo recebe os comandados de Marcelo Oliveira.
Há uma sensação de zebra, de desinteresse na dona do futebol.
A arrancada do Cruzeiro é absolutamente segundo plano.
O que interessa é a derrocada corintiana.
O renascimento flamenguista.
A chance de rebaixamento do São Paulo.
A tensão vivida pelo Vasco.
A subida do Fluminense.
O Santos não mexe com a audiência, sem Neymar.
E com o clube vivendo a perspectiva de ficar em uma situação intermediária.
A sensação na Globo é a mesma vivida pelas emissoras espanholas.
Idênticas quando Real Madrid e Barcelona não duelam pelo título.
Ou um time inesperado é campeão.
Situação cada vez mais rara.
O último deles foi o ótimo Valencia em 2004.
Quando ganhou não só o Espanhol como a Uefa.
Desde então já foram mais oito anos de domínio da tradicional dupla.
A disparidade provocada pelo dinheiro por lá aos dois é imitada aqui.
Já se tem a certeza que a audiência não será a mesma.
Minas Gerais está indo além.
Atlético e Cruzeiro fazem a Globo pagar os seus pecados.
Resta esperar por 2014.
Ou melhor ainda, por 2016.
Quando Corinthians e Flamengo receberão R$ 170 milhões.
R$ 110 milhões a mais do que os times de Belo Horizonte.
Aí, quem sabe o título do Brasil e da Libertadores serão garantidos.
Em 2013, não.
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